iPhone balcânico

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40 dias, 89 posts (contando com este, o derradeiro!), mais de 170 comentários e quase 7 mil visitas! O repórter e o fotógrafo agradecem o carinho, a audiência e a divulgação de todos. Vocês estiveram perto de cada história e participaram desta jornada conosco. O Balcânicas foi feito para vocês! Muito obrigado. Aguardem próximo destino da dupla!

Para terminar, um post com as imagens do iPhone. Um olhar diferente do, digamos, “oficial”. Enquanto o fotógrafo pensava o melhor ângulo, a melhor luz e o melhor foco, o repórter captava cenas cotidianas com a câmera do telefone. São 42 imagens da aventura pelos Balcãs, em ordem cronológica.

Um abraço e até breve!

Fernando e Diogo.

Moeda balcânica

Dinar, Kuna, Marco Conversível, Euro, Denar… É tanto cálculo que a gente se perde! Trocar dinheiro é uma das agruras na vida de turista-mochileiro. Ainda mais para este repórter, péssimo na aritmética do cotidiano.

Para você, que sofre do mesmo mal, segue uma pequena tabela para facilitar os cálculos balcânicos, com a conversão de euro para a moeda local (lembrando que 1 EURO = R$ 2,30):

SÉRVIA

1 EURO = 100 Dinar

CROÁCIA

1 EURO = 7,5 Kuna

BÓSNIA E HEZERGOVINA

1 EURO = 1,95 Marco Conversível (KM)

MACEDÔNIA

1 EURO = 61,46 Denar (não confundir com Dinar da Sérvia!)

MONTENEGRO e KOSOVO usam o euro, o que facilita!

Como diria Ultraje a Rigor, “mim quer tocar…”!

Niksicko

A Niksicko, de Montenegro, é a saideira definitiva da nossa seção Cervejas. No total, o Balcânicas degustou oito geladas diferentes ao longo de 40 dias. Todas foram aprovadas, algumas com louvor!

No calor das praias de Budva e Kotor, saboreamos a ótima Lager. Com teor alcoólico de 5,0%, a cerveja é refrescante, com um leve gosto amargo.

É o principal produto da cervejaria Trebjesa, a única de Montenegro, fundada em 1806. Além do país, a loira faz muito sucesso na Croácia, Eslovênia, Bósnia e Hezergovina e Albânia. Faz sentido, pois a Niksicko é muito boa!

Garçom, a saideira!

Marcas da Bósnia

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O impacto inicial, profundo, forte, em poucos dias é substituído pelo olhar de normalidade, do fato corriqueiro. Nós, seres humanos, temos a capacidade (ou será defeito?) de adaptação/acomodação com as situações.

As marcas de balas e bombardeios estão por toda a parte na Bósnia e Hezergovina. E, no entanto, nos acostumamos e convivemos com elas.

Da capital, Sarajevo, onde ocorreu o mais longo cerco da História Moderna (de 5 abril de abril de 1992 a 29 de fevereiro de 1996 – mais de 1.300 dias, quase quatro anos!), passando pelas pequenas cidades, como Mostar, no sul, o país tem, literalmente, cicatrizes profundas.

Além dos buracos nas paredes, também chama a atenção a infinidade de cemitérios, principalmente islâmicos. Estão encravados no meio das cidades. Em Sarajevo, há túmulos em vários lugares: praças, morros, vielas.

Segundo números não-oficiais, mais de 6 mil soldados bósnios foram mortos ou feridos na capital, além de mais de 2 mil das forças sérvio-bósnias. As mortes de civis atingiram a marca de 10 mil em Sarajevo, com mais de 56 mil feridos!

Mais do que nas paredes dos edifícios e das casas, as marcas estão dentro de cada pessoa que viveu o terror da guerra na Bósnia e Hezergovina. E essas não somem jamais.

Belvedere, Dubrovnik

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Em pesquisa no Google sobre o Hotel Belvedere, encontrei a notícia do New York Times, de 10 de novembro de 1991: Dubrovnik Shelled – em português, Dubrovnik bombardeada.

A reportagem diz que as forças iugoslavas (leia-se sérvias, de Slobodan Milosevic) realizaram vários ataques à cidade croata. Por navios posicionados no Mar Adriático e pelo ar, com vários aviões, os bombardeios começaram às 7h45 da manhã e continuaram à tarde.

Segundo Milosevic, a cidade teria de ser parte de Montenegro, à época aliado forte dos sérvios. Assim, Dubrovnik sofreu cerco de sete meses durante a guerra civil que desmembrou a Iugoslávia.

Um dos pontos atingidos foi o luxuoso Hotel Belvedere, onde refugiados croatas estavam escondidos. Outros dois alvos foram o Hotel Argentina (o mais sofisticado do Mar Adriático) e o Palace Hotel, também cinco estrelas.

Visitamos o Belvedere e os estragos ainda estão lá, já que o hotel foi completamente abandonado após os bombardeios. Janelas estilhaçadas, quartos vazios, piscinas sem água e cheias de sujeira, paredes marcadas por balas de todos os calibres. Um complexo de luxo vazio e sombrio, que contrasta com a beleza da vista do mar da linda Dubrovnik.

No Belvedere, o tempo parou. Pena que tenha sido em momento tão triste da História…

Karlovacko

Os dias na agradável e bela Dubrovnick foram tão “atribulados” que não escrevemos sobre a cerveja croata, a Karlovacko! Ou vocês não se lembram da tarde com “Ozzy Osbourne“? Aliás, para chegar no estado em que se encontrava, nosso querido personagem tomou algumas garrafinhas da dita cuja, além das Caipirinhas, claro!

Em uma pequena cidade a 56 km de Zagreb, Karlovac, nasceu, em 1854, a cervejaria Karlovacka, fundada pelo Barão Nikola Vranyczany. No mesmo ano, a fábrica começou a produção da refrescante Pilsen. Com 5,4% de álcool, a Karlovacko tem gosto leve, perfeito para os dias de praia em Dubrovnik.

Em 2003, grande parte da empresa foi adquirida pela Heineken. Dois anos depois, a gelada venceu prêmio internacional de cervejarias, como a melhor das loiras com teor entre 4,5 e 5,5%. Não sei, não, mas a julgar pela situação de nosso amigo “Ozzy”, talvez a Karlovacko tenha mais do que 5,4% de álcool!

ZIVELI!

Pedalando no Danúbio

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Imagine pedalar por quase 3 mil km e passar por nove países ao longo do curso do segundo maior rio da Europa? Você, amante da “magrela”, pode sonhar, pois essa possibilidade existe! Em Belgrado, descobrimos a rota e, claro, ficamos impressionados.

Paulistanos que somos, já é anormal como as grandes cidades, Barcelona ou Paris, por exemplo, possibilitam ótimas alternativas para os ciclistas. Que dirá uma via que permita você literalmente viajar pelo Velho Continente sobre duas rodas.

Sim, a Ciclovia do Rio Danúbio passa por Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Romênia, Bulgária e Ucrânia. São 2875 km ao lado do rio, com final na boca do Mar Negro. Na maioria do percurso, a ciclovia existe nos dois lados do Danúbio. São 11 cidades dentro da Sérvia, além de Belgrado, onde presenciamos vários ciclistas curtindo o verão.

Há diversas opções de rotas: dentro de somente um país, combinando duas nações e assim por diante. Agências de turismo da Europa vendem pacotes com diferentes alternativas para os amantes do pedal. Certamente, uma maneira exótica e interessante de conhecer boa parte do Velho Continente!

Kalemegdan

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Uma vista maravilhosa (incluindo o encontro dos rios Sava e Danúbio), grandes áreas verdes para descansar, namorar e curtir com os amigos, restaurantes, além de muita história. Tudo está no Kalemegdan ou Forte de Belgrado, como é mais conhecido. O nome deriva de duas palavras turcas: kale (fortaleza) e megdan (campo).

Bem antes de ter ligação com os turcos, mais especificamente com o Império Turco-Otomano, o lugar é considerado o coração da antiga área urbana da capital da Sérvia. Por séculos, a população de Belgrado morou somente no interior do Forte.

A primeira menção data do século III A.C. e diz que o Kalemegdan teria sido fundado pelos celtas. Depois, foi conquistado pelos romanos, que receberam inúmeros ataques dos hunos. Dizem até que Átila está enterrado às margens do Sava e Danúbio!

No século VI, o imperador bizantino Justiniano reconstruiu o Forte. Na sequência, com a formação do Reino da Sérvia, ficou sob domínio eslavo até, mais ou menos, o século XVI, quando os turcos assumiram o seu controle. Por fim, no curto período de influência do Império Austro-Húngaro na região, o Kalemegdan foi modernizado.

Hoje, depois de tanto peso da História, o Forte é frequentado por locais e turistas 24 horas por dia. No verão, ainda abriga shows, festivais e eventos ao ar livre. Uma marca de Belgrado.

Novak

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Novak Djokovic é o ídolo maior da Sérvia no momento. Tivemos o prazer de estar em Belgrado nas semanas que antecederam o título de Wimbledon e a chegada ao topo do ranking. O simpático e carismático Novak ganhou mais dois fãs!

Abaixo, matéria publicada no LANCE! em 4 de julho de 2011, dia seguinte à vitória sobre Nadal em Londres. Foi também a data oficial da chegada de Djokovic ao topo.

O “manezinho” de Belgrado

Novak Djokovic é um “manezinho”. A relação com a sua Belgrado lembra, em muito, a que Gustavo Kuerten tinha com Florianópolis, na época em que o brasileiro estava entre os melhores do mundo. Um comercial exibido sem parar nas TVs locais mostra bem a relação que o maior ídolo sérvio do momento tem com seus fãs devotos.

Na propaganda de uma operadora de celular, Novak ou Nole – maneiras mais comuns com que os sérvios se referem ao novo número 1 do mundo -, aparece em várias situações cotidianas de Belgrado. No mercado, comprando verduras de um simpático vendedor (tivemos a oportunidade de conhecer a nova celebridade, que exibe, orgulhoso, uma foto com Djoko em sua banquinha). Em uma escola, conversando com alunos, jogando bola perto de uma ponte, enfim, o ídolo entre “mortais”.

“Djokovic é um cara simples” foi uma frase que ouvimos da maioria das pessoas de Belgrado. Stanko Cvjetkovic, grande fã de Djokovic e do Estrela Vermelha, time também do tenista, conta que o ídolo trata a todos com simplicidade e humildade. Apesar de residir em Mônaco, ele faz questão de aparecer na cidade em que cresceu.

De tempos em tempos, visita o Novak Center, complexo de tênis que ele pegou abandonado, há quase seis anos, e revitalizou completamente. O Centro fica em uma região que deveria ser nobre na capital da Sérvia: no encontro dos rios Sava e Danúbio. No entanto, era uma área degradada e que está se transformando com a ajuda do número 1 do mundo e sua família – com o gerenciamento da Family Sport, empresa que tem os pais de Djokovic, Srdjan e Dijana, como presidentes.

Seja nas quadras ao redor do mundo, território em que reina absoluto em 2011, ou nos negócios, Novak Djokovic é o numero 1. Para a sua gente de Belgrado, ele é apenas Novak, um cara simples que coloca a Sérvia no topo do tênis mundial e nas manchetes dos jornais de todo o globo.

Tito

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Não poderia haver personagem mais apropriado para a categoria +Mais – com os posts que faltaram da jornada balcânica – do que Josip Broz, o Marechal Tito.

Visitamos cinco das seis repúblicas que formavam a Iugoslávia sob seu comando (oficialmente, de 1953 até 1980, quando ele morreu). Somente a Eslovênia não entrou no roteiro. Tito é uma unanimidade. Permita-me, caro Nelson Rodrigues, mas nesse caso não há nada de burra na opinião geral.

Porque o Marechal, líder da corajosa resistência dos partisans contra os nazistas na II Guerra Mundial, foi o único a unir a região. Sob a bandeira vermelha, branca e azul, com a estrela vermelha no centro, bósnios, sérvios, macedônios, eslovenos, montenegrinos e croatas conviveram, por quase 30 anos, pacificamente.

Mais do que isso, Tito soube dar autonomia para cada república, de modo que mesmo as minorias estivessem representadas. Um equilíbrio delicado que só um homem com seu carisma seria capaz de manter.

Além da proeza de segurar a harmonia interna, o líder iugoslavo peitou nada mais nada menos do que Josef Stalin, o comandante peso-pesado da União Soviética.

Depois de ascender ao poder em 1945, com o fim da guerra, Tito rompeu com a aliança soviética três anos depois. Em 1955, Nikita Kruschev virou o líder da USSR, mas Tito não abriu mão de sua independência. Seis anos depois, liderou a Conferência Internacional dos Países Não-Alinhados. Todos os países membros teriam postura neutra em relação à Guerra Fria.

A cooperação quando Leonid Brejnev assumiu o comando dos soviéticos não significou submissão. Ao contrário, a Iugoslávia manteve um modelo de comunismo independente, aberto com relação aos países capitalistas e harmônico internamente. Com a morte do Marechal, em 4 de maio de 1980, esse país virou pó em menos de uma década.

O repórter confessa conhecimento superficial sobre os modelos comunistas ao longo da história (URSS, Cuba, China). Porém, não consegue enxergar modelo mais bem-sucedido do que a Iugoslávia de Josip Broz. Leitores, por favor, o espaço está aberto para o debate!

Ah, as fotos são do mausoléu onde Tito está enterrado, em Belgrado, também sua residência e local de trabalho.